Manto do Juízo Final

Manto de apresentação

s/d

Tecido, linha de lã, dolmâs e cordas de cortinas

219X130 cm

Pouco se sabe sobre a vida de Arthur Bispo do Rosário. Filho de Adriano Bispo do Rosário e de Blandina Francisca de Jesus, esse sergipano trabalhou como fuzileiro na Marinha de Guerra do Brasil, entre 1925 e 1933. Depois foi lavador de lotações, faxineiro, porteiro, empregado doméstico e segurança.

Aos 27 anos um fato muda os rumos de sua vida. Dizendo ter visto Jesus Cristo, Arthur Bispo passa dias vagando em delírio quando é levado para hospitais psiquiátricos até a conclusão do diagnóstico: esquizofrenia paranóide.

Mas é na Colônia Juliano Moreira (RJ), onde é internado pela primeira vez em 1939, que Bispo dá início à sua criação.

Fazendo uso de materias que estão ao seu alcance encara seu trabalho como uma obrigação e nunca como arte, pois se considera um mensageiro divino.

Desfia roupas e assim consegue linha para seus bordados. É dessa forma que cria sua peça mais famosa "O manto de apresentação", com o qual acreditava que seria recebido por Deus no Dia do Juízo.

Para quem já teve a feliz oportunidade de ver o manto de perto sabe que a peça impressiona. Enche os olhos e a alma com a explosão desenfreada de cores e símbolos. Impõe respeito, de fato. Bispo borda nomes, objetos, mapeia com ordem e sabedoria o que traz de mais alucinado em sua mente.

Ele passou 51 anos de sua vida internado e morreu aos 78 anos de idade, no Rio de Janeiro em 1989.

Somente após sua morte sua obra participa de uma exposição e em 1995 o sucesso chega na XLVI Bienal de Veneza.