fevereiro 11, 2008

Manto rubro

Gravura em cobre de Theodor de Bry.
Dança ritual dos Tupinambá.

A palavra Tupinambá vincula-se a quase todos os povos indígenas que viveram no litoral brasileiro nos séculos XVI e XVII. Relaciona-se à importantes nações como a dos tamoios, dos tupiniquins, caetés, potiguaras, entre outros.
Com grupos que variavam de 500 a 3000 pessoas, suas casas eram dispostas ao redor de um grande páteo da aldeia. Desde cedo em contato com invasores europeus, já no século XVII haviam sido dizimados.A complexa religiosidade desses povos era marcada por diversos rituais sociais como as expedições para recolher as penas vermelhas da ave guará (Eudocimus ruber) com as quais confeccionavam mantos detinados a vestir homens ligados ao mais alto grau de hierarquia social. Chegando até a altura dos joelhos, o manto dava ao possuidor solenidade única. As penas eram inseridas numa tecedura de embira, uma a uma e em fileiras que se sobrepunham. A cor vermelha dava excelência e exuberância ao resultado final.
As peças fazem parte de vários relatos históricos feitos pelos europeus que se encantavam com a majestade do manto. Eles eram usados apenas em ocasiões muito especiais, como os grandes rituais de passagem masculinos.
A origem dos manteletes não é precisa e presume-se que tenham sido levados à Europa por exploradores quando em estadia em nosso território.
Hoje nenhum manto se encontra no Brasil e, segundo historiadores, há apenas 6 deles espalhados pelo mundo (Dinamarca, Bélgica, França e Itália).



Mantelete emplumado Tupinambá - PE (?) / 127 X 54 cm / Penas de Guará

Depto. Etnográfico do Museu Nacional da Dinamarca


obs.: Quando vi o mantelete ao vivo, fui pega por sensações distintas: primeiro a emoção por estar frente a frente a uma peça histórica de rara beleza (acreditem, o vermelho das penas é voraz!!), seguido de uma pontinha de decepção: o manto me pareceu tão pequeno... pelo menos comparado ao que eu sempre imaginava quando o via em gravuras ou lia em textos históricos. Expostos numa redoma de vidro, com parafernália de equipamentos de segurança (inclusive monitorado por satélite) pra mim, de certa forma, perdeu a magia. Que triste esse meu pensamento ocidental o de pensar que para ser poderoso precisa ser grande! ;o(

Um comentário:

PEDALANTE disse...

Agradeço a dica/sugestão...

postei lá no blog tb.