setembro 08, 2010

Do inquieto oceano da multidão

Do inquieto oceano da multidão
veio a mim uma gota gentilmente
suspirando:

— Eu te amo, há longo tempo
fiz uma extensa caminhada apenas
para te olhar, tocar-te,
pois não podia morrer
sem te olhar uma vez antes,
com o meu temor de perder-te depois.

— Agora nos encontramos e olhamos,
estamos salvos,
retorna em paz ao oceano, meu amor,
também sou parte do oceano, meu amor,
não estamos assim tão separados,
olha a imensa curvatura,
a coesão de tudo tão perfeito!
Quanto a mim e a ti,
separa-nos o mar irresistível
levando-nos algum tempo afastados,
embora não possa afastar-nos sempre:
não fiques impaciente — um breve espaço
e fica certa de que eu saúdo o ar,
a terra e o oceano,
todos os dias ao pôr-do-sol
por tua amada causa, meu amor.

Walt Whitman,
n "Leaves of Grass"

4 comentários:

Jean-Claude disse...

Esse cara é diferente, ñ é?
Tenho este livro aqui..Acho que ele sempre olha o positivo, pq ele vê sempre o "tudo" ...(inclusive viveu tudo na vida!)

Lígia Pin disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lígia Pin disse...

Sim... as pessoas "da sala de jantar" também não gostavam dele...kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
;o)

Jean-Claude disse...

Não gostavam, mas nós gostamos! Não é Ligia! Vou te mandar um dos poemas prosa que eu mais gosto!