outubro 25, 2009

Pergunte a Santiago!

Para Tino e Ana,
que estão intimados por mim e pelo André
a assistirem o espetáculo!

:o)

Não há melhor contador de histórias que um capitão: experiente, passa a vida reconhecendo no vai e vem das águas salgadas os encantos e desencantos da vida. Não há mais bela sedução que a da sereia: sonoriza seu feitiço em notas irresistíveis a qualquer humano. Não há melhor caixa de lembranças que as curvas de uma concha: abraça dentro de si o que palavras não podem expressar. Não é uma fórmula mágica, mas a magia se faz presente nesse contexto criado por André Neves na obra “O capitão e a sereia”, agora adaptado para o teatro pelo grupo Clowns de Shakespeare. Aliás, dizer que a peça foi adaptada ou baseada na obra de André talvez não seja suficiente. Quem sabe a sedutora sereia não tenha também colaborado com um pouco de seu feitiço? A peça, que fica até final de novembro na unidade SESI Leopoldina, em São Paulo, traz ao espectador momentos de diversão lúdica mas sobretudo, de uma melancolia saudável e acolhedora. É preciso olhos e ouvidos atentos para não perder nenhum movimento, nenhuma expressão ou foco de luz. Criativos, pontuais, dinâmicos, os atores seduzem principalmente pelo olhar. A maquiagem simples mas essencial, ausenta o ator (pessoa) para expor “o outro” – desconhecido, não identificável, misterioso. Há quem diga que o olho revela a alma do homem. Neste caso nos deparamos com quatro almas instigantes e provocadoras que ocupam o palco de forma absoluta, sem receio de encarar aquele que o assiste “todo arrepiadinho por dentro”. Da iluminação ao cenário (que aqui também se destaca pela criatividade e dinamismo), o figurino (lindo, excêntrico e que traz detalhes regionais que merecem atenção especial), ainda destaco a trilha musical que, pra mim, é uma das responsáveis pela magia do espetáculo: ora nos faz querer dançar, ora aperta a garganta deixando um nó que não se desfaz (o meu ainda está aqui). Em todas as obras de André Neves, há algo inexplicável: são sentires e pensares que fazem nosso “eu” vir à tona com eterno gosto de quero mais. Depois de conhecê-lo pessoalmente não é difícil entender porque isso acontece. Esse “it” impalavreável também está presente no espetáculo que ainda revela outros olhares sobre o texto de André. Parece que o casamento foi perfeito, e a sensação de quero mais se repete novamente. Vi duas vezes neste fim de semana e certamente voltarei até o final da temporada. E isso não é história de pescador. Duvida? Então pergunte a Santiago! ;o)

O Capitão e a Sereia
Texto e il. André Neves
Ed. Scipione
A Trupe após a apresentação (24/10)
O público apreciando os originais do livro de André.

André, babando emocionado.

Réplica fiel da embarcação do Capitão Marinho.

(fotos:ligiapin)

3 comentários:

César Ferrario disse...

Eu querida!!!
Que palavras belas.
Satisfação para nos dos Clowns ter tido você na plateia.
Tudo de bom.

César Ferrario disse...

Eu querida!!!
Que palavras belas.
Satisfação para nos dos Clowns ter tido você na plateia.
Tudo de bom.

André Neves disse...

Ligia,
Como é bom ter leitores como você.Obrigado por suas palavras e por ter um olhar tão sensível.
Você foi precisa naquilo que também senti. Bj grande.