novembro 09, 2008

Ligações perigosas

Vini,
este é pra nós!
Pierre-Ambroise-François Choderlos de Laclos (1741-1803) era oficial do exército francês e foi nos quartéis que se descobriu escritor. Com o ambicioso sonho de produzir uma obra que o imortalizasse publicou, em 1782, os 4 volumes que abalariam a aristocracia européia: "As ligações perigosas".


Numa época em que as cartas eram escritas com penas e lacradas com cera vermelha Laclos arma, com maestria, a trama do romance francês mais famoso do século 18. O enredo é composto por mais de 150 cartas trocadas entre as personagens que mergulham o leitor num mundo de ambição, inveja, poder e vingança.

Os principais protagonistas são a Marquesa de Merteuil e o Visconde de Valmont. Ela, poderosa e manipuladora, busca vingança por ter sido deixada pelo amante. Ele, um homem sem escrúpulos, dedica sua vida a destruir a reputação de jovens damas da sociedade. Num jogo em que o prêmio é ser feliz às custas da infelicidade alheia, nos deparamos com o que há de pior no sentimento humano.
A obra de Laclos foi adaptada para o teatro (1985) e, posteriormente, para o cinema (1988). As adaptações valorizaram especialmente os diálogos, sempre em voz baixa, dignos da nobreza do século 18.

O filme do diretor Stephen Frears recebeu 7 indicações para o Oscar e conseguiu trazer às telas o clima de intriga e sedução da França pré-revolucionária.

Glenn Close como a Marquesa de Merteuil eterniza-se como vilã. Em seu rosto se concentra todo o perfil da personagem: olhar maldoso, quase imperceptível, leve tremor nos lábios, sorriso inseguro, respiração ofegante, carregada de ódio e inveja.

Michelle Pfeiffer, com sua beleza clássica, interpreta a Madame de Tourvel: a jovem casada, recatada, religiosa e dócil por quem Valmont se apaixona. É a partir desse sentimento recíproco que o enredo segue por caminhos inesperados para definir o destino de cada personagem.

Mas indiscutivelmente quem brilha é John Malkovich. Na pele de Valmont ele cativa o espectador com gestos sutis, expressões cínicas (ora irônica, ora enigmática), olhar penetrante e um poder de sedução a-b-s-o-l-u-t-o! É impossível não se render ao Visconde, mesmo sabendo da sua falta de caráter. Quem nunca torceu pelo vilão vai encontrar aqui uma boa oportunidade de colocar a tentação à prova.
A obra de Laclos também foi traduzida para o português, em pelo menos 4 versões que Gabriel Perissé comentou na edição de outubro da Revista Língua Portuguesa. Se você tem acesso ao site da editora, clique aqui para ler o artigo. Mas se ainda não viu o filme, não espere mais. Garanto que não vai se arrepender.

4 comentários:

Adriano Queiroz disse...

Amo este filme.
A Glenn Close e O John Malkovich estão soberbos.
É filme para ver mais de uma vez.
Lígia tem uma outra versão cinematográfica que chama "Valmont", eu tenho aqui mas ainda não assisti.
Nunca li nada do Gero Camilo, mas parece bem interessante.
Eu mando e-mail confirmando, ok?
Abraços.

Dan Vícola disse...

Eu nunca li o livro nem vi o filme, Lígia!
Fiquei curiosíssimo, agora!
Seu blogue sempre nos regalando dicas valiosíssimas, hum?
Beijos, Lígia!

V R L disse...

Ligaçoes Perigosas! :-) HUMMM q gostinho de intriga e miséria humana!
O atual de Choderlos de Laclos vive no trato com a maldade q os humanos sao capazes de fazer por futilidades que afagam o ego! Genial... e sabe q eu vou traduzir esse livro também... quem sabe por ai aceitam minha versão... ehhehehe

BEIJOS

Renata Nakano disse...

É lógico que eu torci pro vilão.