De repente, não mais que de repente, me lembrei do William Bonner anunciando a morte de Rubem Braga no Jornal Nacional. Pode? Não que, na época, eu soubesse muito bem quem era Rubem Braga. Mas o fato realmente me marcou muito, e foi por causa do trecho de uma crônica do escritor lida no fim do Jornal. Naquele momento eu saquei que Rubem Braga era um precioso observador do cotidiano e que as "coisinhas insignificantes" do nosso dia-a-dia, que passam totalmente despercebidas para o mundo, eram muito caras à ele. Fiquei emocionada. E foi por causa disso que eu acabei comprando o único livro que tenho desse autor:
Lógico que a primeira crônica que li, lá mesmo no chão da livraria, foi a que me deu motivos para prestar atenção ao Jornal Nacional naquela noite de 17 de dezembro de 1990:
O padeiro
"Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento - mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a "greve do pão dormido". De resto não é bem uma greve, é um lock-out, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo.
Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. Enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando:
- Não é ninguém, é o padeiro!"
Este é apenas parte do texto, a que me encantou... mas se você quiser ler a crônica completa clique aqui. Para conhecer um pouco de Rubem braga, aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário